31 julho, 2008
anúncio e incluir os três bullets finalistas. (sic)
Então o diretor de criação indaga: o que são três
bullets finalistas?
Ao que a redatora responde: são o primeiro, o segundo e o
terceiro colocados respectivamente.
O diretor de arte brilhantemente encerra: e o bullet
vencedor vai pra arte final.
(Aplausos).
Decifrar um briefing é mesmo uma arte para poucos.
29 julho, 2008
coletivo, conforme o combinado. Adoro tomar sorvete na
estação Ana Rosa.
Se bem que ficar a pé numa sexta-feira não me parece uma
idéia muito boa. Enfim. Com esse lance de vir trabalhar de
metrô e busão estou passando por uma fase de
readequação de sapatos. De salto 11 fica difícil.
Sendo assim, vou precisar também da readequação de
calças por causa da altura da barra.
Ou seja, na ponta do lápis, vai sair mais barato trabalhar
de carro.
Mentira. :p
28 julho, 2008
Auki, quando quiser perguntar onde eu trabalho, pode
perguntar.
Só não vou contar na frente de todo mundo. ;)
Thiago Johnny Walker, quando ainda era possível beber até
altas horas da madruga, eu num tava podendo. Agora que
aquela fase difícil passou e eu tô podendo, não se
pode mais beber em paz. Nem puro, nem com gelo.
Este mundo é mesmo muito injusto, você não acha?
Mas mesmo assim faz o seguinte: quando vocês resolverem
sair para beber, me chamem, tá?
Chama seu chefe. :D
Momento Futriquinha Básica:
Ainda sobre as desventuras na Americanas, Rezinha permanece
com o discurso micado da inocência adquirida na
Amazônia.
Inocência adquirida.
É ruim, hein?
Eu cito algo sobre a Olívia, daí chegam Silvinha e
Telinha mencionando Gilmore Girls. E eu fico toda bestinha,
me achando a Lorelai. :)
21 julho, 2008
fábrica, um dia.
Uma Fantástica Fábrica de Alguma Coisa. Ainda não sei
do quê. Se eu não souber, vou inventar. Me dê mais
alguns dias.
Na cobertura de paredes laranja-uniforme-de-gari, tem
solarium, churrasqueira, uma mesa de ping-pong
E também uma mesa de bilhar.
Vou precisar de aulas de reforço. (ho, ho, ho)
17 julho, 2008
16 julho, 2008
14 julho, 2008
Sobre as desventuras na Americanas, meninas, tem uma coisa
que não entendo: minha amiga vem para Sampa e dá uma
mocorongada daquele naipe e a doida e/ou maluca sou euzinha?
Fala sério.
Mereço mesmo apanhar de verdade no quartinho escuro?
E se vocês acharam a história divertida, imaginem eu que
estava lá.
:D
...................
Silvinha, eu fico besta com o sorriso encantador do boss, de
Reaper. *
No feriado, enquanto andava no parque, pensava a respeito.
Perto dele, House é um garotinho manquitola de 9 anos, com
uma longa trilha a percorrer em termos de cinismo e
perspicácia.
Depois de assistir a Reaper, se alguém virar pra mim e
disser:
- Ora, vá pro diabo que te carregue!
A resposta virá no bate-pronto: - Demorô!
* Universal Chanel, sexta-feira, às 21 horas. Eu
recomendo.
..................
Auki, e a mega-sena acumulou de novo, cê viu?
E até agora, tô na mesma, amigo.
O que me leva a crer que aquele lance do
azar-no-jogo-blábláblá significa apenas que estou R$
1,75 mais pobre. :p
...................
Mi, a exemplo dos índios, também acredito que fotos
roubam almas.
Imagens, só no espelho e ainda assim, nos horários mais
favoráveis. : )
eu e House tínhamos sido apresentados ali, naquela
madrugada.
Era uma espécie de maratona, daquelas que eu adoro, em
que a gente passa a noite inteira indo de um lugar a outro,
até o dia amanhecer.
Não estávamos bebendo, embora curiosamente eu não
estivesse dirigindo.
House gostou muito de mim, procurava sempre ficar ao meu
lado e eu não posso culpá-lo por isso (ho,ho,ho).
De vez em quando se afastava, depois voltava contando sobre
o lugar que tinha ido, tipo subido nas pedras, ou sobre algo
que tinha comido. House estava feliz feito menino. Era um
sujeito engraçado, agradável, fazia perguntas
divertidas, por vezes infames, e não me deixava em paz.
Rolava um climinha.
Se bem que chegou a fazer um comentário sem graça sobre
o meu cabelo. Cretino.
Então House queria saber onde ficava a região Oceânica
de Niterói [olha meu inconsciente me sabotando aí,
gente]. Tal indagação me levou a concluir sobre nossa
localização: praia de Icaraí.
Na cena seguinte, a gente estava na mesma praia, só que
agora jogados numa espreguiçadeira na varanda de um
prédio.
Num momento de sensiblidade suprema, chamei a atenção de
House para algo espetacular que iria surgir no mar em
instantes. Ficamos em silêncio.
Um imenso cogumelo se formou como se tivesse ocorrido uma
violenta explosão submarina. E o House moleque virou um
homem maravilhado e ao mesmo tempo assustado, que segurou
com força o meu braço e nessa hora eu pensei que
deveriam ocorrer explosões submarinas deste porte com mais
freqüência. :))
O imenso cogumelo se dissipou e rolou uma aparente calmaria.
Aparente.
Segurei o braço dele suavemente e avisei: - Te prepara.
Foi nessa hora que se formou o maior maremoto que os meus
registros oníricos têm notícia. Sim, maremoto é o
meu tema campeão master na categoria sonhos recorrentes.
House praticamente foi ao delírio com a cena e eu ainda
podia sentir o seu toque em meu braço quando acordei com o
barulho da porta de incêndio sendo batida com força pelo
meu vizinho sem noção.
Sabe ódio? Daquela categoria de ódio capaz de se
transformar em manchete de página policial facinho?
Pois então.
Ainda possuída pela minha ira, tentei adormecer novamente.
De vez em quando eu tenho a sorte de retomar o mesmo enredo.
Não tive desta vez.
Sonhei que eu paguei o mico de sair de casa completamente
nua, apenas calçando Havaianas e com uma toalha de banho
enrolada na cabeça.
Só percebi minha condição constrangedora quando estava
dentro de um supermercado lotado.
Um clássico ao amanhecer.
Daí, nesta noite de domingo pra segunda, sonhei que
Michelle Pfeiffer tentava brutalmente me afogar no mar
revolto. Briga de gente grande.Uma selvageria.
Na boa, eu não sabia que a broaca era tão a fim do House
desse jeito.
Não sabia mesmo.
10 julho, 2008
- No portão 5 e no 6.
- Mas pra eu ir até lá, vou ter que deixar o carro sem
cartão. Vão me multar que eu sei.
- Olha, eu tô aqui desde o meio-dia e até agora (16h40)
ainda não passou nenhum guarda. Precisa de cartão,
não.
- Ah, você fala isso porque não me conhece. Melhor eu ir
comprar o cartão, sabe? Vão aparecer logo três
guardas, todos de uma vez. É só eu sair daqui. Quer
apostar quanto?
- (gargalhadas)
- Tô te falando. Aposta quanto?
- (gargalhadas)
E enquanto eu andava até o portão 5, o segurança da
vila particular gritou:
- Precisa comprar o cartão, não, moça. Vai por mim.
- Se chegarem os guardas, avisa que eu fui ali e já volto,
pensei.
Na área externa do auditório do Ibirapuera já havia
uma concentração considerável de pessoas.
Casais insuportavelmente apaixonados prontos para o
acasalamento na grama, outros casais apenas burocraticamente
juntos, grupos de diversas facções (entre as que um show
de bossa nova poderia atrair, óbvio), labradores, teckels,
retrievers, SRDs, um raro cane corso, pentelhos da primeira
idade, gente sozinha, cachecóis coloridos, muitas bikes,
gente esquisita (e bota esquisita nisso), a terceira idade
mostrando seu valor, maconheiros em plena atividade
recreativa, uma festa. Let the sunshine.
Me agrada o clima eidiofaacuérious que se forma nessas ocasiões. Nelsinho Mota abriu a solenidade fazendo discurso bacaninha em
homenagem a João Donato, Orquestra Ouro Negro fez a
abertura enquanto montes de gentes continuavam a se aninhar
calmamente pelo gramado.
Um velhote de óculos escuros e chapéu australiano,
aparentando um certo requinte, bebia vinho tinto em pequena
taça de plástico.
Bebel Gilberto cantava e o sol começava a se pôr.
A mocinha imóvel há mais de meio século em posição
de lótus finalmente se mexeu, abriu a mochila natureba
feita em tear e acendeu um Marlboro. Vai entender.
Ao meu lado, parou uma bike, cujo dono era um cara meio
ruivo, que lembrava muito o Jamie Oliver, só que um pouco
mais limpinho.
Bebel Gilberto, de flor vermelha no cabelo, se despediu do
público pedindo que a gente cuidasse bem da Adriana
Calcanhoto. O que Bebel pensou? Que a gente fosse receber a
moça a tiros de flecha? Se bem que teve uma hora que deu
vontade.
O vento chato começou a soprar. Vesti uma blusinha de lã
que combinava perfeitamente com minha roupa, mas tava na
cara que ela não ia segurar o tranco. O sol e o céu
lindamente azul me iludiram.
Ambulantes vendiam latinhas de cerveja escondidas em
mochilas, como se fosse mercadoria ilícita.
Percebi que o Johny Depp de cabelos cacheados olhava
insistentemente para mim. Fiquei sem jeito e desviei o
olhar.
Duas fortes representantes da turminha da reposição
hormonal estenderam uma canga com estampa do calçadão de
Copacabana e sentaram-se atrapalhando a pouca visão que eu
tinha do palco. Eu prestava mais atenção na platéia.
O velhote da garrafa de vinho havia tirado o chapéu e
começava a esboçar alguns passinhos de uma dança
indefinida.
Três garotos de beleza inebriante levantaram sorridentes
entre a platéia e fecharam o cavalete de sinalização
que estava atrapalhando a visão de meio mundo. Todo o meio
mundo aplaudiu e assobiou. Eu, inclusive.
O vento estava cada vez mais forte.
Johnny Depp de cabelos cacheados sorriu para mim. Ai,
socorro.
Calcanhoto se despediu da platéia e ninguém atirou
flechas. Fica pra próxima.
Achei que já na hora, eu estava quase congelando. E
depois, show de bossa nova, a gente sabe, é aquilo mesmo,
ou seja: nao sai daquilo.
Velhote, já sem óculos, sem chapéu e sem a taça,
tinha pouco menos de ¼ do vinho que bebia no gargalo e
tentava interagir com as pessoas ao seu lado. Sem sucesso.
Ao me levantar, sorri para Johnny Depp e vazei da área.
Eu sou uma besta.
Ao chegar na rua, não havia nenhuma notificação de
multa no vidro do carro.
O que não quer dizer absolutamente nada, vamos combinar.
Peguei o valor equivalente ao cartão de Zona Azul e
apostei meus números na Mega-sena.
Durante o jantar, eu pensava que meu cabelo novo fez
relativo sucesso. Pelo menos com gente esquisita. Tipo
Johnny Depp de chachinhos.
E a mega-sena acumulou.
09 julho, 2008
queijo.
Enquanto subia a rua, eu pensava na vida e observava as
pessoas. Planejei ir ao Parque ver o show e testar meu
cabelo novo.
Brincando, economizei R$ 0,60, sem contar a gasolina e o
ganho cardiorrespiratório.
Enquanto descia a rua, encontrei a vizinha do prédio que
tá pegando um garotinho que, na boa, deve ser uns 30 anos
mais novo que ela. Certa ela.
Em casa, comi 110g de nachos de queijo com guacamole. Em 11
minutos.
Melhor mesmo eu ir ao Parque.
07 julho, 2008
pode.
O fato é que eu suponho receber um espírito de porco
cuja idade mental não deve chegar a 7 anos, quando muito.
Explico. Quando fico muito feliz sou tomada por uma força
mais forte do que eu.
Leitores mais antigos devem se lembrar, quando estava em
Manaus e eu encontrava Liginha, sempre rolava um momento
mongolóide, tipo fingir que eu estava perdida no
supermercado e pedia ao gerente para chamar minha mana no
sistema de alto-falante da loja. Liginha queria morrer de
catapora, o que tornava tudo bem mais divertido. Encontrar
Liginha era sempre uma festa.
O tempo passou, voltei para São Paulo, aparentemente eu
cresci e o tal espírito de porco aparentemente encontrou a
luz. Ou não.
Na outra, outra semana, Rezinha estava na cidade. Motivo de
alegria.
Só uma mulher que já morou no Norte entende o tipo de
privação que a gente passa, se não pela falta de
determinados produtos na região, certamente pelo fato
de eles custarem, na melhor das hipóteses, os olhos da cara.
Isso era muito triste, por vezes, desesperador.
Rezinha queria ir à Lojas Americanas e eu nunca negaria
essa gentileza. Quando eu vinha a Sampa tudo que eu queria
era as melhores padarias cidade e Lojas Americanas, claro.
E fomos nós.
Rezinha se esbaldou feito criança e lotou uma cesta de
comprinhas meigas e absolutamente necessárias. Eu escolhi
uma singela caixa de Bis.
E cada uma foi para um caixa diferente.
A mocinha que me atendeu ofereceu o cartão fidelidade da
rede dizendo as palavras mágicas: descontos em produtos.
Rê estava entretida com os 485 itens de sua cesta básica
de cosméticos, de modo que a compra iria demorar mais
alguns muitos minutos para se encerrar. Certeza.
Sem nada avisar, acompanhei a gerente até o fundo da loja
e passei os documentos para a mocinha efetuar o cadastro
que, me juraram, não levaria mais do que cinco minutos.
Passaram-se dez.
Meu celular tocou.
- Onde cê tá?
- Relaxa. Deu um pobreminha no caixa, o segurança achou
que eu tava roubando a caixa de Bis. Ele me trouxe aqui pra
um quartinho escuro, estou apanhando um pouquinho, mas acho
que ele vai me liberar logo. Só mais uns socos e fica tudo
certo. Güenta aí que eu já vou. Rapidão. Beijo.
Tchau.
E desliguei.
Num disse? A coisa é mais forte do que eu.
Quando eu me dei por mim, já tinha falado.
Era a tal mediunidade subdesenvolvida mostrando a que veio.
E nada do tal do cadastro ficar pronto.
Eu já devia estar apanhando há 15 minutos no tal do
quarto escuro quando o telefone tocou novamente:
- ANA, ONDE VC ESTÁ?????
- Calma que eu já vou. O pior já foi. Tô indo, calma
aê, beijo, tchau.
Note que não foi culpa minha. Cinco minutos, foi o
prometido.
Meu cartão finalmente ficou pronto, saí louca-babando da
loja e encontrei a Rê fumando na porta do shopping, com
cara de poucos amigos.
Eu me aproximei saltitante e tive a ligeira impressão de a
ouvir rosnar pra mim.
- O que aconteceu? Onde você estava?
- No fundo da loja, fazendo meu cartão que dá descontos
na compra de produtos. Agora eu tenho um. :)))
- Eu chamei o segurança da loja.
- Mentira.
- Perguntei por que eles te prenderam se você tava na fila
do caixa. E o cara pegou o rádio para perguntar a não
sei quem porque te prenderam e porque estavam te batendo.
- Rezinha-do-Céu, me diz que você não fez isso. Diz que
você tá zoando. Diz.
- Você falou que tava apanhando num quartinho escuro. :[
- E você caiu feito um patinho.
- :|
- Rê, você acreditou?
- :|
- Rê?
- Vai à merda!
:)))
Não é por nada não, mas desconfio seriamente que tá
na hora da Rê voltar de vez pra cidade grande.
Mó mocoronga.
Né? :)
06 julho, 2008
apagão internético. Assunto tipo assim, platônico.
- O problema é que quando estamos na caverna queremos
saber o que tem fora. E quando estamos fora, temos
curiosidade sobre o que existe na caverna. É da natureza
humana.
- Hmm. Acho que deve haver algo de muito errado com a minha
natureza humana. Porque quando estou na minha caverna quero
mais é que o mundo termine em barranco.
- Você não é humana. Que espécie de ser é você,
Ana?
- Errrr.. Um anjo. (cof,cof,cof)
- Hahahahahahahahahahaha!
Papo cabeça tipo assim, mais para papo-cabeça-de-bagre,
que fique bem claro.
Elaine e George novamente juntos! :)
Em The New Adventures of Old Christine, Julia Louis-Dreyfus
e Jason Alexander se encontram no episódio final da
terceira temporada.
Agora, Jason Eternamente George será o ginecologista de
Christine.
Sexta-feira, 20h30, na Warner. Reprise no domingo, 12h.
Vai perder, vai?
Eu não. A menos que.
carro.
- Eu não comprei a pinga porque fiquei com raiva da
portuguesa e mesmo que eu quisesse, eu não tinha uma
granada vazia para trocar por uma granada de Corote cheia.
- Vou almoçar na casa da minha mãe. Lá tem removedor e
resolvo de vez essa parada. : )
- Não posso usar o removedor hoje porque eu fiz as unhas.
Fica para a semana que vem.
- Meu amigo Gun matou o mistério da granada: a portuguesa
compra a marvada de tonel e envaza nas granadas de Corote.
Bingo!
Gun é mesmo um cara muito sabido.
04 julho, 2008
Menor idéia de como meu novo cabelo vai se comportar entre
os travesseiros.
A expectativa é enorme. Mal posso esperar para me ver
amanhã. (bocejos)
Eu tomaria um espumante agora, facinho.
Adoraria capotar. Mas esquece.
Vou assistir Cidades dos Anjos e chorar nas cenas que eu sei
de cor.
Isso se chama tédio funcional.
Conheço bem.
dias.
- Nècessaire, secador e alguns livros.
- Pra que livros? Você vai viajar. Férias. Fé-ri-as,
sabe como é? Esquece os livros.
- Vou estudar um pouco.
- Não é pra você estudar. Muda de assunto. É pra
você descansar, tomar banho de cachoeira. Andar a cavalo,
nadar, ficar falando bobagem até de madrugada. Passa esses
livros pra cá. Agora.
- Vou estudar só pela manhã. Só umas duas horinhas por
dia.
- Nem pensar, doida. Me dá esses livros. Anda.
- Não, mã. Eu vou levar.
- Tudo bem. Leva mas não estuda. Nem abre. Deixa na bolsa.
Promete? Promete pra mamãe que você não vai estudar
nadica? Nem cinco minutos? Promete?
:)
Quase tudo.
Daí que disseram que pinga vagabunda é ótima pra
limpar cola grudada no vidro do carro. Melhor do que muito
limpa-vidro que tem por aí.
Evidentemente eu acreditei.
O vidro do Caveirão tá com umas marquinhas nojentas e eu
acho isso um crime. Mas não serve qualquer pinga. Tem que
ser daquelas bem ordinárias mesmo. Melhor ainda se for das
de casco escuro e rótulo desbotado.
Estaria o cara me zoando?
Sexta-feira passada estava um dia lindo, perfeito para
limpar vidros de carro, eu me sentia saltitante e bem
disposta, então resolvi procurar a mais marvada dentre as
marvadas.
Eu ando numa fase muito pão-dura, de modo que não compro
um alfinete sequer sem antes fazer licitação, pesquisa
de preços em três estabelecimentos, no mínimo.
Parei no primeiro supermercado. A que me pareceu mais
vagabunda custava
R$ 2,99, mas não era uma autêntica, daquelas em casco
escuro e rótulo desbotado.
Parei no hipermercado e a coisa ficou pior. Não tinha
daquela mesma marca, muito menos alguma conforme o briefing.
Tinha uma outra que custava R$ 3,50, uma fortuna, e era
praticamente uma cachaça de bacana, me pareceu pelo
jeitão.
Eu precisava de algo mais rústico.
Resolvi tentar uma medida radical para resolver de vez o
impasse.
Quase perto de casa, parei num daqueles botequins de bairro,
que também vende vassoura, desinfetante contaminado,
maria-mole de anilina e milho duro a granel. Tudo bem
empoeirado.
Quem me atendeu foi uma senhora portuguesa, de avental de
bolinhas azuis, visível mau humor e bigodes
impressionantemente fartos.
Numa prateleira mais ao alto estavam as garrafas de
cachaça, protegidas por uma densa camada de poeira e
resíduos de teia de aranha.
- Quanto custa aquela ali, a 29?
A tal 29 me pareceu mesmo perfeita: casco escuro e rótulo
tosco.
Com um sotaque caricato e quase bufando, a portuguesa
indagou:
- A dose ou a garrafa?
Oito e dez da manhã, marcava o relógio na parede.
- A garrafa.
- Doish e noventainovi.
- Estaish maluca? Por doish e noventainovi eu posso
compraire uma Jamel, minha senhora. Uma Jamel!, pensei.
Agradeci e eu estava saindo quando ela me chamou de volta:
- Tem eishta aqui por doish i cinquenta, maish precisa
trazeire a vasilha pra trocaire.
- Bebeishte, foi?
Vamos tentar entendeire: tratava-se de uma Corote (!!), a
escória de todas as cachaças vendidas nas piores bodegas
do ramo, na periferia de Manaus. Te mete. Envasada em uma
espécie de granada de plástico. Pinga de bandido.
Prestenção: a embalagem de Corote é de prás-ti-co.
Eu fico me perguntando de onde foi que a portuguesa inventou
essa parada da tal troca de vasilhames.
Hipóteses:
Ela está montando uma instalação nos fundos do bar.
Ela coleciona. Acha as granadas de plástico muito fofas e
tem dó de se desfazer.
Ela usa como recipiente pra fazer gelinho de pinga e vender
em dia de jogo.
Aquela pocilga decadente é apenas um negócio de fachada.
A principal fonte da renda da família seria as granadas de
fabricação caseira, exportadas quinzenalmente para o
Oriente Médio.
Quer mesmo saber?
Aqueles bigodes não me enganam.
03 julho, 2008
02 julho, 2008
sobre minha crise alérgica.
Tudo sob controle agora, ontem fez uma semana que sai do tal
coma de fabricação caseira e estou me recuperando muito
bem, Monique.
Mi, tudo indica que a crise foi mesmo desencadeada pelo
estresse, aquele ingrato.
Silvinha, utilizo os princípios da homeopatia com o filtro
da minha conveniência. E, você bem sabe, minha
cara-de-pau não conhece limites. Mas me conta: o que
seriam remédios mais alegres, hein? Eu quero! :)
Rubia, agora que passou, eu penso: somatização? Nem. A
julgar pela brutalidade, acho que foi exorcismo mesmo. E dos
bons. :)
Passou.