30 dezembro, 2003

Circulamos pela cidade com o dia amanhecendo e me dei conta de como a minha cidade é linda ao crepúsculo. E, como eu sempre digo, nada como estar acompanhada de um boêmio de boa cepa.
Uma casa de pães, nos Jardins, foi a próxima parada. Chopp, é claro.
Quando já se começava a discutir a opção sexual de Papai Noel, achamos por bem pegar o caminho da roça.
Eu ainda tinha guincho e mecânico pra encarar.Voltamos pra Charles Miller.
Meu amigo, gentleman que é, ainda queria me acompanhar até o mecânico. Era um esforço desnecessário.
Despedidas sempre são chatas. Particularmente, eu as odeio.
Tive que seguir meu rumo. O dia estava apenas começando.

Seguimos meio que sem rumo até chegarmos ao bar do Estadão, que eu ainda não conhecia. Fauna variadíssima: travecos, putas e desocupados em geral. Aprendi tudo sobre a produção de pernil de porco assado, especialidade daquele estabelicimento familiar. Lugar divertido, mas barulhento. Nada é perfeito. Umas 4 cerpinhas depois, estávamos em busca de um novo abrigo etílico. Difícil encontrar cerveja gelada depois das 5 da madrugada. Juro que não entendo a razão.
Seguimos pra Vila Madalena. Mais chopp e conversa fiada.
- Vocês vão querer mais alguma coisa? Estamos fechando a cozinha.
- Pode fechar a cozinha. Só não pode fechar o chopp.
- Também estamos fechando, senhor.
Veja que modo mais elegante de se mandar um cliente pro olho da rua.

Paramos numa padoca e pedimos uma ampola pra abrir os trabalhos. Só tem lata ou chopp. É. Não há mais padarias como antigamente por aqui.
O tempo passou rápido e fomos gentilmente expulsos do recinto. Fechamos o primeiro negócio da noite.

E assim começou a nossa maratona noturna:
- O carro tá aquecendo.
- Tem água?
- Grrrr. Tem.
- Deixa eu ver. Sim. Fez bolha no radiador. Tem que sangrar a mangueira.
- Entendo... mas, não é melhor a gente tomar uma e depois chamar o guincho? Bora?
- Tem guincho?
- Tem
- Com socorro mecânico?
- Acho que sim.
- Então, bora.
- Bora.

Finalzinho de tarde. Preguiça na medida certa. Tinha deixado recados e enviado mensagens a um amigo que eu queria muito, muito reencontrar. E não é que ele me ligou? Ueba.
Lá fomos eu e Cascão pra Vila Madalena. O bicho começou a pegar logo ao sair de casa, quando me dei conta de que eu não tinha a menor idéia do trajeto Jaçanã/Vila. Escolhi um caminho burro. Quase absurdo. Mas era o mais garantido. Então fui. Ainda em Santana, a bomba: termômetro avisando superaquecimento no Cascão. Merda.
Parei num posto de gasolina. Tinha água no radiador, nem vem.
O sujeito jogou mais um pouco, só pra garantir e mandou eu seguir viagem.
Tudo parecia normal. Atravessei o Campo de Marte (ó o perigo) e quando estava no início da Pacaembu, a bosta do termômetro acendeu de novo. Avenida escura e deserta. Comecei a achar que eu estava mesmo em sérios apuros. Forcei o carro até a banca da Charles Miller. Foda-se.
Era o mais seguro a fazer.
Liguei lá pro meu amigo, contando minha história triste. Ele veio me socorrer.
- Nossa, você está ótima. A Amazônia está te fazendo muito bem.
- Deve ser o ar puro.
- Você e sua filha estão muito parecidas. Parecem irmãs. (Menos, doutor, menos).
- Tó. Trouxe pro cê.
- Posso abrir?
(não, Pedro Bó) – Muita parcimônia ao beber isso, entende?
- ???? (ele é meio burro, às vezes, não repare)... Voltou pro seu namorado? Aquele.
- Não. Game over. Tô solteríssima.
- Isso é bom. (bom pra quem, misifio?)
- Em setembro, teve um congresso nacional de veterinária, lá em Manaus. Lembrei do cê. Andei pelas ruas, prestando atenção. Pensou se a gente se encontra?
- Em janeiro eu vou pra lá. Como eu faço pra te encontrar?
- Anota aê. O prefixo é 92.
Será que ele pensa mesmo que eu acredito? Tolinho.

Sexta-feira. Dia de ir às compras. Totalmente Becky Bloom. Foda-se. Fui uma boa menina e me lasquei um bocado, o ano todo. Eu mereço presentinhos. :O)
Rê e Oli a bordo do Cascão.
Almoço comemorativo: Rê, comportadíssima, atacou as saladinhas do Viena, a Oli, de pizza Hut e eu, de camarão com shitake, casquinha de siri e um balde de chopp (ataquei um teco da pizza também). Bom pra diabo.
Oli precisava comprar uma calça e eu, tudo que fosse possível. Nenhuma calça me serve mais, não agüento ver minhas blusas e tem o enxoval pra minha casa nova. Ai, minha Santa Edwiges.
Sem muita inspiração, comprei só um jeans e dois jogos de lençóis. Pausa pro café. Tava precisando mesmo tomar uma caneca gigante de capuccino e colocar parte das fofocas em dia.

Antes da meia-noite e depois da pizza, sucumbi ao cansaço. :O)
Foi difícil adormecer. Bombardeio na vizinhança. Gritaria da molecada na rua, até altas horas.
Só 4 horas de sono agitado. Mas, às 6h30 da madrugada, já estava eu de pé. Sabe criança? Era eu.
Toda saltitante, doida pra dirigir. Eu iria buscar a Oli na casa do pai dela. Ueba. Mais de 18km.
Você pode estar pensando: que bobagem.
Bobagem nada. Eu não dirigia desde 19 de julho. Tava com saudade disso também.
Se eu perdi a prática? Ora, é que nem andar de bicicleta. Acho.

O dia 23 de dezembro foi especialmente cansativo e estressante. A emoção da viagem tava inundando tudo. Saí de casa, a caminho do trabalho, logo às 7h. Fui fazer as penúltimas compras, na hora do almoço. Trabalhei até às 19h. Voltei pra casa correndo, fui arrumar a mochila (sim, tudo pra última hora), tomei banhão, me pus bela e, de bagagem nas costas, segui pra festa de confraternização da agência. Já meio atrasada, fui pro aeroporto. Mais comprinhas, porque sempre falta alguém. Embarquei às 2h30 da madruga. Conexão em Brasília. Sono. Cansaço. Como é longe essa porra. Pisei em solo paulistano às 9h30. Deu uma vontade filha da puta de chorar. Engoli o choro, apaguei o cigarro e segui pra casa da Dona Cecília. A paz voltaria a reinar. :O)

Então, eu fui lá. Mas já voltei.
Foi tudo muito rápido. Quatro dias que me soaram como 48 horas.
Não fiz metade das coisas que eu havia planejado, ao comprar a passagem.
Mas tudo o que eu dei conta de fazer foi muito bom. Eu tava mesmo precisada de carinho e atenção da família e dos amigos. Sinto-me outra, hoje.

20 dezembro, 2003

Até Deus tem dia de cabelo ruim.

Há pouco mais de duas décadas, Deus, todo atrasado nas costuras pra entregar, inventou de fazer a 8a revisão da humanidade. Tudo estaria muito bem, não fosse o fato Dele ter acordado com o pé esquerdo.
Sabe-se lá por que, baixou-Lhe um espírito de porco. E daquele dos bons: feio, sujo, malvado e zombeteiro.
Então, Ele, ainda possuído, resolveu criar um ser para testar o limite da escrotidão humana. Um protótipo. Tinha que ser um homem, é claro. Escolheu Fortaleza como cidade natal (caso não desse certo, seria facinho desovar a criatura no mar. É, Deus pensa em tudo). Para nossa sorte, Ele escolheu um casal de origem humilde, porém com caráter e bom senso para ser pai e mãe.
E, então, no ano de (sei lá), aos (hã?) de algum mês, nasceu Alessandro. Escroto até a tampa, desde criancinha. Seus pais bem que notaram, deram-lhe uma educação rígida, mas, vocês sabem, contra a vontade divina não há porrada que dê jeito.
Um belo dia, Deus, aliviado do encosto, caiu em si e viu que tinha exagerado um pouco. Concluiu que 20% daquela escrotidão toda já tava na marca pra recriar um Haggar, o terrível e ainda tinha uma reculhamba pro Angeli com seu Bob Cusp e, claro, Os Escrotinhos.
Tendo concluído seus experimentos, Ele pensou em descartar a criatura. Mas era tarde demais. Ele já havia se apegado ao menino (achava o cabra engraçado pra caralho).
Resolveu escondê-lo no mato.
Reza a lenda local que foi assim que o Alessandro desabou em terras manauaras: obra da piedade divina.
Até aí, tudo bem. Mas ele precisava dividir a estação de trabalho comigo, lá na agência, porra!
Ô, inferno.

18 dezembro, 2003

Doações à Fome Zero.
Ainda na ilusão de que eu era a feliz inquilina de um lar meio capenga, acordei de madrugada, famélica.
Enquanto esperava a água do miojão ferver, comecei a examinar o que tinha sobrando na dispensa e geladeira. Eu, sem geladeira e sem fogão, vou precisar apenas do telefone do China in Box, ora, ora.
Estava animada que só.
Resultado do inventário:
1 miojo sabor pizza, 2 de strogonoff, 2 de quatro queijos. Mentira, o de pizza eu comi.
1 caixinha de creme de leite
1 frasco de adoçante
Na geladeira, 1/2 pacote de queijo ralado Raladinho. Juro, esse é o nome dele.
3 cebolas, que quase posso jurar serem feitas de um material muito durável. Estão lá, com a mesma cara, há mais de mês.
1/2 barra de manteiga
1/2 embalagem de mini-pizza Clubinho de muzzarela
E o maldito bolinho que foi servido no vôo que me trouxe aqui.
Preciso explicar melhor essa parada do bolinho.


Tudo ainda está indefinido.
Consegui, na segunda, um ap., no mesmo prédio onde estou.
Eu tinha 95,5% de chance de morar no oitavo andar. Era baratinho, direto com o proprietário. Parecia até um presente de aniversário enviado pelo destino.
Perfeito. Mas sem mobília. Quase perfeito.
Uma cama e armários no quarto, cozinha e banheiro e só.
Posso perfeitamente viver sem sofá, geladeira e fogão. Preciso apenas de um caixote pra apoiar a TV que vou comprar de segunda mão, planejei.
Hoje, a notícia fatal: o maldito viajou, sem data pra voltar.
Tô na rua de novo. Bosta

15 dezembro, 2003

Quero agradecer todo mundo que mandou mensagens, comentários, homenagens. Thanks!
Agora, fala sério. Não há o que comemorar.
O que de fato aconteceu foi que meu plano de saúde ficou mais caro e minha carteira de motorista venceu.
Sem falar na lei da gravidade. Odeio essa lei.

12 dezembro, 2003

Ontem.
Um colega, cheio de costura pra entregar, coitado.
- Ana, mor de deus, quem canta essa música: menina, uma vez te fiz chorar. Te carregei..
- Sei, sei
- Quem canta essa porra?
- Putz. Eu sei, mas não lembro o nome do cabra.
- Tenta lembrar
- Olha, não lembro não. Mas lembro que minha tia cantava muito. Serve?
- Vá te lascar

11 dezembro, 2003

Muita calma nessa hora, crianças.
Disse que fiz a reserva, apenas por via das dúvidas.
Ainda não tive resposta se estou dispensada no dia 26.
As orações devem continuar. ;O)
Vai começar tuuudo de novo.
Talvez em homenagem à volta dos meus arquivos, voltei a brigar com a Vasp. Vocês devem estar lembrados do meu tempo de ponte aérea.
Fui tentar ver se havia vôo, fazer reserva, essas coisas.
Claro, esqueci minha senha, há tanto tempo sem uso.
Cliquei pedindo envio da dita por e-mail.
Pois voltei pra página, fui tentando, tentando, até que na 8a vez, lembrei. Foi uma recordação triste. Enfim, o fato é que fiz a porra da reserva. Confirmei e imprimi.
O e-mal com a minha senha chegou 45 minutos depois.
Tem coisas que não mudam nunca, não é?
ELES VOLTARAM!!! :O)))
Todos eles. Meus arquivinhos.
Tô feliz. Muito feliz.

10 dezembro, 2003

Vou tentar recuperar meus arquivos.
Reza aê.

09 dezembro, 2003

Atendendo a pedidos.

Essa história é antiga, já bloguei acho que ainda este ano. Mas vá lá.
Eu, em visita a Deus Grego sou surpreendida por esse primor da cantada moderna. E eu despedicei essa.
Estávamos em consulta. Raramente Deus Grego fechava a porta do consultório. Naquela tarde, não só fechou como trancou. Hum.
E deu início a uma saraivada de elogios.
- Você tá linda.
- Obrigada
- Você anda sumida.
- Não. Não tô não.
- Culpa daquele seu namorado, aposto.
- Não é.
- Você podia namorar comigo.
- Não dá. Você casou, lembra?
- Você é ciumenta?
- Nem um pouco. :O)
E então pegou a minha mão e levou-a em direçã ao seu peito
Realmente, seu coração estava disparado e notei que o bicho ia pegar. Tratei logo de fugir.
Burra.
Ele afirmou que eu seria a grande responsável por um suposto ataque cardíaco. Perguntou se eu cuidaria dele caso tivesse que ficar internado.
- Não será necessário. Ataques cardíacos em homens da sua idade costumam ser fatais. Você seria um homem morto.
- Cê é foda, mulé.
- Desculpa aê. (peguei Godzila e me mandei)
Eu fui cruel, sei disso. Cruel e burra.
E então, outro dia, sem ninguém perguntar, afirmei: o algoz que roubou minha alma levou consigo a certidão de habite-se do meu coração.
Faz um pagode aí com essa porra.
Ele é lindo. Esteticamente é um dos seres mais lindos que já vi na vida. Uma espécie de John Stamos de olhos casttanhos e sem topete. Quase capaz de deixar Geoge Clooney no chinelo. Eu disse quase.
O fato é que o homem é lindo. Lindo, lindo, lindo. Paixão à primeira vista.
Ontem, feriado aqui, liguei pra ele. Ele atendeu. Impossível não reconhecer aquela voz. E ele reconheceu a minha. Uau.
Pedi ajuda: um dono para o meu cão. Tarefa simples. Ele se recusou. Disse que dessa forma eu iria sumir definitivamente da sua vida. De certa forma ele estava certo. Já chorei muito por conta disso.
Perguntou um pouco sobre a minha vida. Eu contei. Ele lamentou a distância. Eu também. Perguntou a idade do meu cão. Seis anos. Porra, já faz todo esse tempo que a gente se conhece? Deus Grego do Céu!
Hoje, penso, fui muito burra, isso sim. Doutor Deus Grego era pra ter sido o homem da minha vida e eu deixei passar impunemente. Marujei.
Burra, burra, burra. Jamanta, Jamanta, Jamanta!!!!
Pronto. Passou.
Burra.
Vou voltar pra casa no Natal e vou passar lá pra dar um beijo. Na boca. Do jeito que ele merece. Tá decidido.
Aquela história do ataque cardíaco eu nunca esqueci. Ele é tão deliciosamente tolo. Chega a dar raiva. E eu tô sem vacina.
Chifre. Você ainda vai ter um.
Conversa que rolou por aqui, nesta semana:
- O pobrema não é o Ricardão. Não é ele quem me preocupa. A testa coça mesmo é com o tal do Josenor.
Você chega em casa e pergunta: Mas quem consertou a porta?
- O Josenor passou aqui e consertou.
- E quem trocou a lâmpada da varanda?
- Já que ele tava com a mão na massa, aproveitou e trocou. Faz tudo o Josenor. Prestativo que só.
- É, rapaz. Josenor é um perigo.
- Nem me fale...
Ai, ai, daria tudo por uma dose de querosene agora....

04 dezembro, 2003

Foi a pior TPM que a história da humanidade já teve registro.
Choro compulsivo. Impulsos homicidas. Genocídio. Mulheres, crianças e idosos não seriam poupados. Nem George Clooney.
Passou, passou.

03 dezembro, 2003

A pérola do século:
Não existe traição. O que existe é um elemento insatisfeito em busca de uma nova oportunidade.
(o autor prefere o anonimato)
Hoje, quarta-feira é dia de jantar na feira.
Prático e econômico.
Pra minha sorte, esse tal de inferno astral dura só (??) um mês.
É. O pior já passou.

02 dezembro, 2003

- Onde vais, assim, com esse seu jeito betacaroteno de ser?
Isso é que dá vir trabalhar usando camiseta laranja.

01 dezembro, 2003

Morreu ou não morreu?
Isso foi lá pelos idos de setembro. Eu juro que não tinha bebido. Mas eu vi, eu vi uma apresentação do Tim Maia no Faustão. E era ao vivo. Eu vi no canto da tela o aviso. Achei meio estranha aquela parada e caí na besteira de perguntar aos meninos, na segunda-feira. Claro, todos me olhavam com cara esquisita e aqui ninguém perdoa nada, vocês sabem.
Agora, toda segunda-feira é assim: eles fazem a chamada pra saber quem tá vivo ou morto.
Tá. Eu sei, Elvis não morreu. Mas que o finado Tim Maia tava ao vivo no Faustão, ah, tava que eu vi! :p
Momento Becky Bloom.
Sábado fui ao shopping. Antes que eu ficasse absolutamente convencida de que uma mulher não pode ser feliz sem possuir um anel em ouro branco enfeitado com couro de surubim
(R$ 280,00) resolvi sair correndo e entrei numa livraria.
Saldo do prejuízo: dois Mario Prata e um Veríssimo.
Melhor assim.