30 junho, 2014



                          Um churras e a entrevista com Jesus

Era um domingo ensolarado. A casa cheia de velhos amigos ,outros não tão velhos assim, porém todos igualmente bem-vindos. Cada um chegando com suas ecobags lotadas de carnes frescas e muitas cervejas geladas.

No momento em que o fogo sagrado já estava acesso e o fogo alcoólico ainda estava longe de chamar-se “pilequinho”, lembro-me que a chegada dele ocorreu de uma maneira discreta. Quando eu me dirigia à mesa para repor as cebolas assadas, fui chamada para ser apresentada ao recém-chegado.
- Ana, Jesus. Jesus, Ana.
Juro que eu achei ser uma pegadinha.
- Oi, Jesus, tudo bem? (com a maior naturalidade, percebam).
Sou obrigada a confessar que, de imediato, fiquei-me indagando o quanto aquele moço teria sido trollado, na sétima série do colégio, no pré-vestibular, no  primeiro emprego, pelo cunhado mala. Não deve ter sido fácil. Passei a admirar Jesus.


                                      *&*
                             Heresias à parte

Antes do previsto,enquanto o fogo sagrado ardia a mil, restavam poucas unidades do líquido sagrado, no caso, cerveja gelada. Alguns voluntários de boa vontade, embora ligeiramente ébrios, se ofereceram para ir ao supermercado, por motivo de reposição de estoque.

Perdoem-me se isso soar-lhes uma heresia, mas na hora ocorreu-me algo que pareceu tão óbvio:
- Gente, pra que sair? Vocês já beberam, não é legal dirigir. Temos aqui uma piscina cheinha, à disposição. Ninguém nadando, água limpinha. Será que Jesus faria uma caridade, tipo o milagre da transformação da água em cerveja?
- Mas ele transformou água em vinho...
- Ara, vinho, cerveja, é tudo fermentado. O princípio é o mesmo. Ou não?
Fato é que Jesus acompanhou os amigos ao supermercado, trouxeram mais cerveja gelada e a paz voltou a reinar.
E antes que vocês me perguntem, eu respondo: não, Jesus não tinha barba.


     
                                  *&*
                           Entrevista com Jesus

Aquela tarde do churras foi legal, rimos muito e tal. Outra noite, em um dos meus recorrentes episódios de insônia, eu imaginei que tinha um programa de entrevistas na TV, aquela coisa meio intimista, tipo Gabi Gabriela fazendo perguntas difíceis enquanto gesticula com a Mont Blanc. Quase furando o olho do entrevistado.
 E o primeiro convidado, evidentemente seria o seu, o meu, não o da Madona, mas o nosso @JesusReal, só que não.Coisa pra arrebentar o IBOPE mesmo, bem no horário da decisão final do Aprendiz Celebs.
Sigam:

- Posso te chamar de você?
- Deve

- Doeu?
- Meninos não choram. (sic)

- Páscoa ou Natal?
- Reveillon

- Você multiplicou ou dividiu os pães?
- Odeio matemática.

- Você come carne?
- Um peixinho, de vez em quando. Geralmente, às sextas. Eu curto.

- Que nem os paulistanos?
- Isso. :)

- Você é sempre assim, lacônico?
- Sim.

- Tadeu ou Escariotes?
- Conceição (essa só os paulistanos entenderão ;)

- O lance com a Madalena rolou mesmo ou foi boato?
- Nunca saberás. (risos)

- Vinho é mesmo o sangue de Cristo?
- Faz parte do imaginário popular. Deixa quieto.

- Você escreve, de vez em quando?
- Só quando dá vontade. Tenho preguiça.

- Pecado,hein? (pisc)
- (pisc)

- Segundo Testamento?
- Todo mundo precisa de férias, baby.

- Você acredita nos sete pecados capitais?
- Só em três.

-Quais?
- Passo. (risos)

- E nos 10 Mandamentos?
- Acho que Ele estava sob pressão. Quem nunca desejou a mulher do próximo. Oi?

- Trabalhar aos domingos é pecado mesmo?
- Meu PAI diz que sim, melhor obedecer. Domingo não.

- Pra quem você ta torcendo na Copa?
- O que é Copa?

- Deus é brasileiro?

- Sinceridade? (me empresta essa caneta, que eu te conto de onde Ele veio)

20 junho, 2014


- Tudo certo para hoje?
- Tudo certo.
- E o que ficou combinado?
- Nada. Ficou que eu apenas tenho que levar meu pescoço.
- Só isso? Então tá fácil.
- Fácil numas. Não me deixa esquecer?
- Do quê?
- Do meu pescoço. É a única coisa que não posso esquecer. O pescoço. E você bem sabe como anda a minha cabeça.
- Ela ainda está sobre o pescoço?
- Até onde eu me lembro, sim.  
- Melhor tomar fósforo.
- Fósforo?
- Tem até aquele remedinho, lembra?
- Ih, é. Como se chamava mesmo?
- Fosfozol
- Pra que servia? Eu me esqueci.
No dia seguinte...
- E aí, deu tudo certo lá?
- Onde?
- Naquele lance do pescoço...
- Era hoje?
- Você falou que era...
- Jura? /o\ 

04 junho, 2014

Essa poeira que sobrevoa por aqui está com os dias contados.  Eu voltarei em breve.