28 novembro, 2009

Penso que a perfeição vem da prática, afirmou categoricamente o jovem rapaz.



De fato, funciona no ensaio de orquestra; na digitação de dados; nas claras em neve; nas arte marciais; no ponto de cruz; no abrir champagne com corte de facão; na patinação no gelo; no cultivo de orquídeas; no origami; no fazer chapinha e depois escova; nos grafismos em espuma de cappuccino; no descer ladeira de salto 11; na pintura em ecoline, na oratória impecável; nas barras assimétricas, nas paralelas também; no corte do sashimi e do vestido de musselina; no separar certinho o peixe da espinha, a pedra do feijão e o amor do sexo; no delineador traçado com precisão cirúrgica; na arte de fazer amigos e influenciar pessoas.
No suicídio não se aplica.


Rá! Perdeu.
= )



Um comentário:

Anônimo disse...

Rá perdeu! Disse peremptoriamente a bela dama...

obrigo-me a um singelo direito de resposta.

A perfeição vem da prática, afirmo novamente a batida máxima que deve ter sido posta no mundo por um pai Mesopotânico ou talvez uma mãe Anatóliana, dada a quantidade de primaveras da dita cuja.

Porém... apenas porém... a dama (reafirmar o adjetivo acima apenas serviria para incentivar a vaidade... esse pecaminoso sentimento sem a qual as mulheres seriam homens, mas condenado segundo o livro dos seguidores do Um Deus), voltando: a dama deixa-se levar pela oportunidade de um leve xiste, um lazer de leve com a minha face, como diriam nossos vizinhos cariocas mais dados aos coloquialismos, e assim deixa uma lacuna em sua tão bem redigida tese. Explico-me:

O que é a prática, a busca, diante da perfeição inata de um ato?

Há aqueles que buscam constantemente. Que com o passar dos anos (talvez décadas) chegam a patamares inimagináveis em seus caminhos, com obras realmente dignas de lágrimas. Mas, haveria alguém de perguntar à grande maioria deles, os maiores mestres - e aqui refiro-me não aos geniaizinhos do dia a dia, e sim aos irrefutáveis como Da Vinci, Verne, Platão, Aristóteles e muitos etcs, com o perdão da linha do tempo emaranhada - se eles alcançaram seu apogêu, sua dita perfeição através de tanta prática e teria como resposta - aqui me abro para um pequeno devaneio boêmio: seria capaz de que se sentasse, pedisse uma bebida contemporânea à época, e passasse algumas horas fazendo com que o infeliz se arrependesse de ter entrado numa máquina do tempo e ido pra tão longe de casa perguntar uma idiotice dessas. A perfeição é apenas vista em espelhos que não refletem a luz, cara dama; jamais é percebida pelos que a carregam.

E agora mais um ponto de concordância discutida: no suicídio não se aplica mesmo. Por que, e perdoem-me os otimistas não românticos, o suicídio é perfeito em sí.

É um ato discutível, é bem verdade, porém em qualquer uma de suas muitas formas alcança sempre o mesmo objetivo. Na mesma intensidade e efeito. Transforma a vida em morte, rápida ou lenta, dolor ou não, com perfeição.

Sem mais para agora e saio para uma leve carraspana (sim, essa eu aprendi com vc), deixo-a aqui, tanto a réplica quanto a dama, para reflexão; e espero, com água na boca, a tréplica.

Visionário da Cabeça Quadrada!