09 janeiro, 2004

O massacre da tesoura.

Acordei endiabrada, juntando as coisas pra mudança, na correria. Os prazos sempre me atormentam. Arrumando as coisas da pia do banheiro, dei de cara com uma tesoura. Ueba. Eu me olhei no espelho e vi que o soco que dei no Fred tinha sido injusto. A caricatura que ele fez de mim tava igualzinha. Eu era um sheepdog.
Então, danou-se. Um estrago federal na franja. Irreversível. Indisfarçável. Fo-deu.
Prendi o cabelo, botei força na peruca e fui enfrentar os leões selvagens.
A princípio, ninguém percebeu. Os leões demoram a despertar.
- Má rapá, que cê fez nessa franja?
Pronto. Armou-se a parada. Cinco em volta de mim, dando palpite.
- Puxa pro lado.
- Corta o outro lado, que ficou torto.
- Puxa pro outro lado, assim.
- Até que não ficou tããão torto.
- Joga tudo pra trás.
- Se mata, sua burra.
Quando me dei por si, a menina do tráfego tava com a tesoura do chefe na mão, tentando arrumar o estrago e a revisora revisando o corte. Não teve muito acerto, não. Mas eles bem que me deram apoio. Vocês sabem, o lado psicológio conta muito nessa hora.
A única solução é comprar um frasco de xampu de Amor Crescido, uma burka e esperar a natureza fazer seu trabalho.

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