09 junho, 2003

Momento de desabafo.
Eu odeio o Blogger. Os comments foram para o saco e quero todos de volta.
O Blogger é feio, bobo e chato.
Pronto. Passou.
Vamos seguir viagem em pe. Estamos sem acentos. Nao reparem.


Reconhecimento do terreno.
Assim como os caes, os humanos costumam dar uma geral, assim que chegam a um novo abrigo.
Instinto de sobrevivência em estado bruto.
Mas, obviamente, cada um reage de uma forma.
Por exemplo, eu primeiro vou olhar a cozinha e descobrir onde fica o banheiro. Depois eu penso em outra coisa, como onde ficam os quartos.
Que reaçao mais primitiva essa a minha, mo Deus. Coisa feia.

Curiosidades domesticas.
A casa estava perfeita para aquele final de semana. Cozinha muito bem equipada. Banheiros com chuveiros quentes (isso pra mim é fator determinante para o meu estado de humor).
Uia! Piscina com agua natural. Geladissima, é claro. Mas era uma piscina. E nao so tinha sol, como também tava calor.
Morram de inveja, olha so. :p

Cena I - Mesa para todos.
Eu, na cozinha.
Nao lembro quem, grita: - Alguem viu onde ta tal coisa?
Eu grito: - Eu vi em cima da mesa.
- Qual delas?
- Pergunta dificil nao vale.
Serio. A casa tinha umas 8 mesas. Praticamente, uma por pessoa, mais as visitas, contando com os caes. Na proporçao, o numero de mesas era equivalente ao numero de pontes amarelas de Sao Francisco Xavier.
- Achei!!
- Onde tava?
- Na mesa da sala.
- Qual delas??
- Ah! Numa delas.
Entao ta, ne?
Corta.

Cena II - Acqua loucos.
Rezinha e o Lu ja prontos para um mergulho.
Eu e a Renata, observando de longe, na varanda.
Voces sabem que eu e o frio nao nascemos um para o outro. E vivo em letigio com agua gelada de qualquer origem.
Rezinha e o Lu sao mesmo muito corajosos.
Lu mergulha. Tenho a impressao de ouvir um grunido, semelhante a algo do tipo. Aarrrrghhhhhh! Mas o moço nao perde a classe, nao.
Renata pergunta: - Ta muito gelada, Lu?
Lu: - Nao esta gelada. Apenas muito fria.
Renata pergunta a mim: - Qual a diferença entre gelada e muito fria?
Eu: - Psicologico. Eu acho.
Corta.

Cena III - Tudo pelo social.
Eu e Renata descemos para a piscina.
Eu la, a bordo de minha cautela de sempre, tento experimentar. So os pezinhos. Agua estupidamente gelada. Sem esquema.
Ate que uma alma caridosa pergunta: - Sera que a cerveja ja gelou???
De onde se pode concluir que a agua de piscina e cerveja a gente so descobre se estao geladas, experimentando.
Profundo isso.
Corta.

Cena IV - Papo cabeça.
A cerveja nao esta tao gelada quanto a piscina. Mas, com o passar do tempo vai ficando tambem.
O sol vai esquentando.
E a conversa combina perfeitamente com o cenario. Cinema, televisao. E, claro, a vida dos outros. Obrigatorio, mas impublicavel. Sorry.
Corta.

Cena V - Enquanto vocês dormiam.
Rezinha adormece. O Lu tambem.
Fico jiboiando sob o sol, enquanto formigas devoram minha barriga.
Hora de preparar o almoço. Cuidar da vida. Ajeitar a mesa 7 na varanda. Renata ajudando na co-pilotagem do fogao.
Tudo pronto. Os dois acordam na hora certa. Conversa amena durante a refeiçao.
- Enquanto voces dormiam, descobrimos que nao tem saca-rolha.
- Isso e grave. O que sera de nos?
- Impossivel nao ter saca-rolha.
- Pera ai. Enquanto voce dormia e nome de um filme, ne nao?
- Historia do cara que ta em coma e tem a garota que era apaixonada por ele.
- Isso, isso, isso. Meg Rain?
- Nao.
- Aquela que tem um nariz que parece focinho de porco. Esqueci o nome.
E o almoço terminou com entraves a resolver: a falta de saca-rolha na casa e lembrar do nome da atriz que tem nariz de focinho de porco.
Problemaço.
Corta.

Cena VI - Hora da onça beber agua.
Começo a temer pelo meu destino. O povo todo ja se ajeitando pra tomar banho.
E se o chuveiro for frio? Caraio.
Nada de sofrer por antecipaçao. Espero o primeiro tomar banho e pergunto: que tal? Simples, mas pensando bem....
Na-na-ni-na! Ta louca? E se o Lu for o primeiro? Ai eu pergunto e ele, certamente, vai responder: nao esta muito fria.
Ja vi esse filme agora ha pouco.
E se for a Rezinha? Ela vai respondar: ah,,, ta ?tima. Vc acostuma rapido.
Naaaaoooo!!!! Conheço a peça.
Isso. A Renata sera minha salvaçao. Confio nos parametros dela. Pronto.
A Renata acaba o banho e me enche de confiança: pode ir que t? legal.
Realmente, a agua ta boa. Mas o chuveiro tem que ficar quase fechado. E a energia eletrica da casa começa a dar uma bobeada. Bosta. Tem que abrir mais o chuveiro.
O banho termina. Expectativa geral: - Entao????
- Hum... Tava morninha.
Grrrrrrr.....
Corta.




Cena VII - Sao Xico by night.
E la foram as duas viaturas pra cidade.
Duas tarefas: agendar a trilha pra manha seguinte e descolar um saca-rolhas.
Temperatura amena. Pessoas passeando. Lojinhas com muito artesanato. Rezinha encontra uma amiga dela, a Teka, a bordo de um prete. Os caes adorando o passeio e fazendo o maior sucesso. Surge um canideo do mal. O cao era mesmo sinistro. Queria bater no Igor, na Cao, nos caes de rua. Um inferno.
Lu e Renata vao ver uma exposiç?o/festa que ta rolando. Eu iria com a Rezinha pra agendar o passeio.
O ser maligno, de novo. Rosna pro Igor, avança num cao que estava atras de mim. O pobre virou pra se defender e acaba abocanhando minha perna, de leve. Vazei da area.
A Re segue pra cumprir a tarefa. E eu vou praticar meu esporte predileto: observar transeuntes.
Corta.

Cena VIII - Consumo secreto.
To eu la sentada, quietinha, observando os transeuntes, representados por uma fauna variadissima de pessoas.
A Renata e o Lu passam por mim. Sentam-se ao meu lado. Conversa breve. Silencio atento. Entao percebo que eles estao fazendo o mesmo que eu! Eles tambem sao observadores de transeuntes, meu caros. Ta vendo como a gente descobre as coisas? Observadores de transeuntes nao tem um perfil definido. Ai mora o perigo.
Dois garotos ao nosso lado estao sendo vitimas do ataque charmoso de 3 garotas. A de blusa listrada parecia interessada no moleque que se isolava dos est?mulos externos, ouvindo seu walkman. Mas e as outras? Seriam apenas alcoviteiras solidarias? Ou estariam interessadas no amiguinho do ser alienado?
Ent?o, começamos a inferir. A inferencia. O tipo da merda perigosa.
Idade dos meninos. Suposiçoes: eu aposto 10 e 11 anos. O Lu e a Renata também.
Na duvida, melhor tirar isso a limpo. Renata vai la e pergunta. Os patetas confirmam: 10 e 11 anos.
E as meninas continuam passando por eles. E nada acontece.
Lu acha que o moleque nao ta nada interessado. So quer saber de ouvir musica.
Eu discordo. Afirmo que o pobrema do garoto e timidez.
O Lu sai de cena. Pergunta se a gente quer tomar uma coca-cola.
Ta maluco, rapaz? Agora a gente nao sai daqui por nada deste mundo, ate ver como acaba isso.
Corta.

Cena IX - No sorteio ou na porrada?
Lu volta a bordo de sua latinha de coca-cola e ja vai contando a novidade: Teka e seu prete vao ficar em casa. E tocando no assunto, surge o tema que ate entao ignorado: quem dorme aonde.
Isso vai dar trabalho.
Logo ao chegar eu ja tinha visto um sofazinho no jeito. Por mim, tava resolvido.
Mas descubro que os meus amigos tambem ja estao de olho nele.
Ok, vamos negociar.
- Tenho insonia. No sofa posso dormir com a luz acesa, sem incomodar ninguem e eu ja me apeguei a ele.
Argumentaçoes das mais bizarras sobre os motivos de dormir no sofa. Tudo em vao.
Outra tentiva desesperada: sorteio. Que tal?
Tambem nao.
Tudo bem. Deixa. A gente resolve isso em casa.
Corta.

Cena X - Missao cumprida.
Rezinha volta com os caes. Eu e Renata continuamos torcendo pra que a garotinha de blusa listrada conquiste o ser.
Sentamos em uma mesa para assistir ao show.
Pergunto à Re se ela pediu o saca-rolhas emprestado.
Esqueceu.
Renata ve um garoto que trabalha na agencia de turismo de la. Chama o rapaz. Conversam sobre a festa, musica, dança, a familia como vai. Tudo. Menos perguntar se o cara tinha um saca-rolha pra emprestar. Tem gente que anda com isso no bolso.
Re fala que a Teka e seu prete vao dormir na casa com a gente.
Putz, perfeito. Sera que ela tem saca-rolha? Um canivete suiço, talvez?
O show ta chato. Hora de voltar. A menina de blusa listrada passeava sozinha, sem o seu principe do rap.
Chegamos em casa, dessa vez, em 3 viaturas. Com fome. E sem saca-rolhas.
Corta.

Cena XI - Soluçoes inteligentes.
Legal ter um monte de gente na cozinha. Eu adoro.
E ja que estamos sem saca-rolha mesmo, o jeito e improvisar do melhor modo.
Renata e Rezinha preparam o fondue de queijo. Especialidade da Renata. Barbaro. Uma mao na roda para viajantes que nao querem transportar as panelinhas e recheaus em viagens.
Eu volto a vasculhar as gavetas.
Seleciono alguns objetos que podem ajudar na funçao. Encaminho aos rapazes. Eles avaliam.
Tudo resolvido. O jantar pronto. O vinho aberto. Gargalhadas à mesa. Uma noite perfeita.
Apenas nao estou autorizada pelo grupo a contar como foi resolvida esta parada. A soluçao esta em fase de negociaçoes com um empresario do setor. Vamos vender o know-how.
Corta.

Cena XII - Hora de dormir.
Mais de meia-noite. Todo mundo com sono. Todo mundo quem, cara-palida?
Tudo bem. A louça fica pra amanha.Aquele tumulto basico de final de noite.
Quem vai dormir aonde? - a pergunta que eu temia.
Tento dar uma de espertinha, e corro pra me apossar do sofa. Uma especie de regressao a primeira infancia, nao repare.
Todos deitados e acomodados. Luzes apagadas.
Boa noite, John Boy.
Boa noite, Mary Helen.
Silencio.
Momento de reflexao: O Lu e a Renata estao no mesmo quarto que voce. Portanto, fofa, vai dormir (???) de luz apagada do mesmo jeito! Bem feito!!!!!! Pateta!.

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Continua amanha. Aquela noite foi longa. Acredite.

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