20 setembro, 2009

Domingo nublado, começando a garoar.
Saio para almoçar na casa de Ciça-Mãe. Sempre gosto de
levar alguma coisinha.
Paro no mercado aqui perto, onde tem um pãozinho francês
integral que a gente adora. O de outras unidades da rede
não chegam aos pés. O daqui é imbatível.
Na estufa, os pãezinhos me parecem tristonhos, mas vejo
que tem uma nova fornada a caminho.
Pergunto à mocinha do caixa: - Quanto tempo pra sair o
pão fresquinho?
- Não sei. Não tem mais nenhum lá???
- Tem vários. Mas certeza que você não compraria.
Silêncio.
A mocinha do caixa grita: - Fulano, o Zé taí?
- O Zé tá lá dentro, responde Fulano.
- Pergunta pra ele quanto tempo pra sair o pãozinho.
Eu sigo Fulano, porque estou sinceramente interessada em
saber qual seria a resposta do Zé .
Noto que Fulano passa e observa o forno, que fica à vista
de todos os clientes, ao lado da estufa. Ele abre uma
cortininha de brim azul, daquelas que parecem de provador de
lojinha e some. Volta alguns segundos depois e, sorridente,
anuncia: - Sim, já vai sair.
Silêncio. Eu me controlo para não bufar. Respiro fundo.
- Tá, que vai sair eu tô vendo daqui (e aponto para o
forno). A pergunta é: quanto tempo demora? Pergunta pro
Zé, por favor?
Fulano abre a cortininha de novo, some por uns segundos e
volta, triunfante, com quem? Com ele: o seu, o meu, o nossuu
Zé.
Daí eu pergunto, como quem não quer nada: - Zé, quanto
tempo pra essa fornada ficar pronta?
Zé para, pensa, coloca a mão no queixo, olha pra cima e
profere a sentença:
- Oito minutos.

Comprei meigas baguetinhas salpicadas de parmesão, que a
gente também adora.
Na padoca da esquina.
Ciça-Mãe amou.

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