21 julho, 2009

Vejam bem, eu estava quieta no meu canto, quando tudo isso
começou.
Coleguinha 1: - Coleguinha 2, será que rola do seu avô
ficar com a tartaruga lá de casa?
Coleguinha 2: - Num sei, mano. Tenho que perguntar pro
véio. Mas é macho ou fêmea?
Coleguinha 1: - Macho.
Coleguinha 2: - Tem certeza, mano?
Coleguinha 1: - Macho, certeza.
Fiquei pensando como é que se descobre o sexo de uma
tartaruga, assim, com uma certeza tão enfática, mas
achei melhor prosseguir quieta com meu trabalho.
Coleguinha 2: - Acho que vai ser difícil, porque o Fulano
(nome da tartaruga, no caso, tartarugo) tem 50 anos. Fulano
não vai aceitar outro macho no sítio, mano.
Juro que eu estava tentando manter-me concentrada no meu
trabalho, mas olha só o rumo que essa prosa tava tomando.
Coleguinha 1: Dá problema, é?
Coleguinha 2: Nuóóóssa, cê num tem noção, mano.
Comecei a me indagar quanto metros quadrados tem o sítio,
considerando que fossem deixar os tartarugos separados,
lógico. E a calcular mentalmente qual a velocidade média
que uma tartaruga, no caso, um tartarugo-tiozão de 50
anos, levaria pra se deslocar, mesmo estando meio puto,
noiado e cheio de adrenalina, tentando defender seu
território.
E prosseguiu Coleguinha 2: - Eles vão brigar até a
morte, certeza.
Foi nessa hora que eu não me contive e, enquanto
imaginava a disputa lânguida de duas tartarugas em luta
campal, indaguei: - Mas quanto anos isso pode levar?
- Vai ser na hora, Ana. Um vai partir pra cima do outro e
ninguém consegue separar. É violenta a coisa, afirmou
Coleguinha 2.

Não consegui visualizar Fulano, o tartarugo tiozão,
partindo pra ignorância. Sinceramente.

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