17 abril, 2009

A mesma facilidade que tenho em adquirir novos vícios, eu
a tenho em perdê-los.
Quando me viciei nas minhas longas caminhadas, no tempo em
que fiquei sem carro, achei que nunca mais na vida eu
passaria um dia sequer sem andar cinco quilômetros.
Pois bastaram sete dias a bordo de um carro com música boa
e ar condicionado (hífen, tem?) para eu me esquecer
rapidinho daquela outra marcha.

Hoje, final de tarde ensolarada, porém, eu tive uma
recaída. Bateu saudade forte de passear sem pressa e
observar o movimento das pessoas pela rua.
Eu precisava comprar um pequeno retalho de tecido vermelho.
E um pedaço de fita, talvez.
A loja boa fica a uns três quilômetros daqui. Fui a
pé.
Na loja boa, conheci Vicente que, a julgar pelo bigode de
quermesse, tratava-se do vendedor senior, responsável por
orientar a nova colega trainee sobre a política da casa
quanto à metragem mínima a ser vendida aos clientes,
conforme o valor o tecido. Um critério bastante complexo,
me pareceu.
Perguntei ao Vicente sobre a política da casa quanto às
peças da banquinha de retalhos. E descobri que, neste
caso, não há. Ou leva o retalho pronto, já cortado ou
esquece, veja que coisa.
O corte que me interessou tinha 1,20m e eu precisava só de
30 cm. Foi uma negociação árdua e desgastante. Vicente
estava irredutível.
Decidi então por um tecido que custava R$ 9,90 o m . Aí,
sim, eu pude pedir apenas os 30 cm de que eu precisava. Vai
entender.
Então, por apenas R$ 2,97 comprei 30 cm do mais lindo
tecido vermelho que havia na loja. Desejei bom feriado ao
irredutível Vicente e voltei caminhando pra casa, pensando
em como transformar aquele lindo retalho na peça que eu
tanto preciso. Um drama real, entendam. Prendas domésticas
nunca foram o meu forte. Nem pregar um botão eu sei.

Nenhum comentário: