02 fevereiro, 2009

(abre aspas) Quando eu era pequena, minha família criava
galinhas. Sempre tínhamos em casa mais ou menos uma
dúzia dessas aves e, sempre que uma delas morria - levada
por um gavião, por uma raposa ou por alguma misteriosa
doença que dá em galinhas -, meu pai substituía a
galinha perdida. Ele ia até uma granja próxima e voltava
com uma nova galinha dentro de um saco. O problema é que
você precisa tomar muito cuidado ao introduzir uma nova
galinha no galinheiro. Não pode simplesmente jogá-la
lá dentro com as galinhas mais velhas, ou estas a verão
como uma invasora. O que você precisa fazer, isso sim, é
colocar a nova galinha dentro do galinheiro no meio da
noite, enquanto as outras estiverem dormindo. Ponha-a em um
poleiro ao lado das outras e saia de fininho. Pela manhã,
quando as galinhas acordam, elas não reparam na
recém-chegada e pensam apenas: Ela já devia estar aqui,
já que não a vi chegar.
O melhor é que, ao acordar com as novas companheiras, a
própria recém-chegada sequer se lembra de que é uma
recém-chegada e pensa apenas: Eu já devia estar aqui
antes.
É exatamente assim que eu chego à Índia. (fecha aspas)
[Comer, Rezar, Amar - Elizabeth Gilbert]

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