07 julho, 2008

Deve ser algum tipo de mediunidade subdesenvolvida, só
pode.
O fato é que eu suponho receber um espírito de porco
cuja idade mental não deve chegar a 7 anos, quando muito.

Explico. Quando fico muito feliz sou tomada por uma força
mais forte do que eu.
Leitores mais antigos devem se lembrar, quando estava em
Manaus e eu encontrava Liginha, sempre rolava um momento
mongolóide, tipo fingir que eu estava perdida no
supermercado e pedia ao gerente para chamar minha mana no
sistema de alto-falante da loja. Liginha queria morrer de
catapora, o que tornava tudo bem mais divertido. Encontrar
Liginha era sempre uma festa.
O tempo passou, voltei para São Paulo, aparentemente eu
cresci e o tal espírito de porco aparentemente encontrou a
luz. Ou não.

Na outra, outra semana, Rezinha estava na cidade. Motivo de
alegria.
Só uma mulher que já morou no Norte entende o tipo de
privação que a gente passa, se não pela falta de
determinados produtos na região, certamente pelo fato
de eles custarem, na melhor das hipóteses, os olhos da cara.
Isso era muito triste, por vezes, desesperador.

Rezinha queria ir à Lojas Americanas e eu nunca negaria
essa gentileza. Quando eu vinha a Sampa tudo que eu queria
era as melhores padarias cidade e Lojas Americanas, claro.
E fomos nós.
Rezinha se esbaldou feito criança e lotou uma cesta de
comprinhas meigas e absolutamente necessárias. Eu escolhi
uma singela caixa de Bis.
E cada uma foi para um caixa diferente.
A mocinha que me atendeu ofereceu o cartão fidelidade da
rede dizendo as palavras mágicas: descontos em produtos.

Rê estava entretida com os 485 itens de sua cesta básica
de cosméticos, de modo que a compra iria demorar mais
alguns muitos minutos para se encerrar. Certeza.
Sem nada avisar, acompanhei a gerente até o fundo da loja
e passei os documentos para a mocinha efetuar o cadastro
que, me juraram, não levaria mais do que cinco minutos.
Passaram-se dez.
Meu celular tocou.
- Onde cê tá?
- Relaxa. Deu um pobreminha no caixa, o segurança achou
que eu tava roubando a caixa de Bis. Ele me trouxe aqui pra
um quartinho escuro, estou apanhando um pouquinho, mas acho
que ele vai me liberar logo. Só mais uns socos e fica tudo
certo. Güenta aí que eu já vou. Rapidão. Beijo.
Tchau.
E desliguei.

Num disse? A coisa é mais forte do que eu.
Quando eu me dei por mim, já tinha falado.
Era a tal mediunidade subdesenvolvida mostrando a que veio.

E nada do tal do cadastro ficar pronto.
Eu já devia estar apanhando há 15 minutos no tal do
quarto escuro quando o telefone tocou novamente:
- ANA, ONDE VC ESTÁ?????
- Calma que eu já vou. O pior já foi. Tô indo, calma
aê, beijo, tchau.

Note que não foi culpa minha. Cinco minutos, foi o
prometido.
Meu cartão finalmente ficou pronto, saí louca-babando da
loja e encontrei a Rê fumando na porta do shopping, com
cara de poucos amigos.

Eu me aproximei saltitante e tive a ligeira impressão de a
ouvir rosnar pra mim.
- O que aconteceu? Onde você estava?
- No fundo da loja, fazendo meu cartão que dá descontos
na compra de produtos. Agora eu tenho um. :)))
- Eu chamei o segurança da loja.
- Mentira.
- Perguntei por que eles te prenderam se você tava na fila
do caixa. E o cara pegou o rádio para perguntar a não
sei quem porque te prenderam e porque estavam te batendo.
- Rezinha-do-Céu, me diz que você não fez isso. Diz que
você tá zoando. Diz.
- Você falou que tava apanhando num quartinho escuro. :[
- E você caiu feito um patinho.
- :|
- Rê, você acreditou?
- :|
- Rê?
- Vai à merda!

:)))
Não é por nada não, mas desconfio seriamente que tá
na hora da Rê voltar de vez pra cidade grande.
Mó mocoronga.
Né? :)

5 comentários:

Anônimo disse...

E de vc assumir esse lado cara-de-lata e trabalhar nas pegadinhas na TV!

Humpt! *rs*

Trata de caminhar no bairro e me ajudar a arrumar casa, pra te redimir...

")

Silvinha disse...

hahahahahahahaha

cara, tô rolando de rir

Anônimo disse...

Depois dessa se fosse comigo vc realmente iria apanhar num quartinho escuro... kkkkkk

stella disse...

doida! :D

Anônimo disse...

Ah, não! Desculpa aí, mas quem conhece a Ana não pode acreditar em todas as maluquices que ela fala! Fala sério, hahahahaha!
Ma-lu-caaaa!