21 janeiro, 2008

Final de tarde, começo de noite do domingo.
A chuva deu uma pausa e eu peguei caminho de casa.
Antes de chegar na avenida principal do bairro, a polícia me parou.
Foi o momento mais Lorelai* da minha vida e agora agradeço aos céus por Olívia não estar comigo.
O meganha mandou eu encostar o Caveirão.
Pra começo de conversa, eu achei que o meganha tava zoando, ou que se tratava de um equívoco, de modo que eu custei a entender que a parada era comigo.
Então eu parei o Caveirão e o soldado pediu os documentos, tipo do carro e a carteira de motorista (demorô! :O))
Foi nessa hora que começou a palhaçada. Porque quem me conhece de perto sabe que, quando eu fico nervosa, eu falo muita bobagem, quase a ponto de colocar minha vida em risco. Perceba.
- Moço, olha, eu juro pro senhor que eu não estou armada. Tenho pavor de armas, mas eu vou precisar me abaixar para pegar minha bolsa, porque vocês mesmo é que mandam a gente não andar com a bolsa no banco, pra não dar mole pra ladrão, né?
O soldado, incrédulo, concordou.
- O que o sr. quer mesmo?
- Documento do carro e sua habilitação, sra.
- Olha, o sr. não repara, não, mas eu vou te contar, é a primeira vez na minha vida que a polícia me pára pra pedir os documentos, então eu não tenho muita prática, eu nem sei onde eu guardo a carteira de motorista, pro senhor ter uma idéia.
Silêncio.
- O IPVA o senhor quer também?
Notei que o soldado estava ficando amargamente arrependido de ter parado justo o Caveirão, com tantos outros carros passando pela rua.
- Olha, eu vou ser sincero com a sra, esta é apenas uma abordagem burocrática.
- Como assim?
[suspiros profundos] - Pra inglês ver, minha senhora, pra inglês ver.
- Então faz de conta que o inglês num tá vendo e me deixa ir embora, na miúda. (juro, eu só pensei, juro, eu não falei)
O soldado passou meus documentos pro comparsa dele verificar e ficou aquele silêncio meio besta. Então eu puxei assunto.
- Então quer dizer que agora vcs também podem multar a gente, né?
- Sim, mas só em determinadas infrações. E bla,bla,bla.
Não entedi direito porque eu me distraí com a boina dele, que estava com uma parte descosturando, o superior dele ia ficar muito puto se visse e aquilo tudo começou a me dar nervoso. O tipo de nervoso que dá quando você está conversando com uma pessoa com implante de cabelo, que fica como o couro cabeludo que nem de boneca e desvia toda a atenção. Foi bem assim.
Interrompi o discurso do soldado e lancei a pergunta mais imbecil que alguém pode fazer a um policial:
- Por exemplo, minha placa é final 1 e eu tô pensando seriamente em furar o rodízio amanhã. Eu devo ter medo da PM por causa disso?
Incrédulo, ele respondeu: - Não, a gente não multa por causa da municipalidade da lei.
E eu fiz de conta que entendi, porque eu num sou louca nem nada. Né?
O comparsa do soldado devolveu meus documentos e, acredito eu, a abordagem pra inglês ver ficou por isso mesmo.
Voltei pra casa ouvindo The Verve no último volume e com uma vaga sensação de que eu sou uma grande ameaça pra mim mesma. E se você quer mesmo saber, eu não furei o rodízio. Perdi a hora e acordei tardão.

* Lorelai é a mamãe Gilmore, do Gilmore Girls, lembrou?

2 comentários:

Anônimo disse...

Ai, Ana, só você!
kkkkkkk!

Anônimo disse...

Eu tava quieta, voltando pra casa. :O)