20 junho, 2007

Meio-dia em ponto. Há 36 horas sem fumar e eu ainda não matei nem feri ninguém gravemente.
Nem me reconheço.

Dezoito em ponto. Há 42 horas sem fumar e eu sinto como se meu corpo se amotinasse, foco da pressão na minha garganta, e ordenasse: ok, você já provou do que é capaz, mô bem. Agora pára com essa palhaçada e acende logo a porra do cigarro, antes que eu fique bravo, baibe.

O mais difícil é isso. Minha garganta fica seca a cada 30 segundos.
Comporto-me como uma esponja não alcóolica.
É inacreditável o volume de água consumido desde então.
Hoje, foram 3 litros.

Largar o cigarro é mais ou menos como tentar esquecer aquele amor cachorro que te abandonou à deriva, te maltratou e tanto te fez sofrer. Do nada, você esquece a parte chata e vem a saudade imensa dos momentos inesquecíveis e felizes que você e o amor-cachorro passaram juntos, madrugadas adentro, mundo afora. Vontade incontrolável de recomeçar tudo, e tê-lo novamente entre seus dedos e seus lábios. Cof.
Abstinência é foda. Saudade é pior.

Tudo bem que o amor cachorro não é da sua conta.
Mas, quanto ao abandono do vício, que ninguém aqui ouse sequer tentar sair de uma dependência química pesada sozinho. Melhor chamar os caras de branco, aqueles que têm registro em conselho regional.
Num seja louco.

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