A novela continua e os capítulos me parecem longe de ser decisivos.
Domingo, tive que chamar o guincho e deixar Olívia na mão. Odeio isso.
Segunda-feira, fui direto pro mecânico. De guincho e com Cascão se fazendo de morto.
Estratégia perfeita, se a gente for pensar bem. C, o mecânico-sherlok, tem que investigar o veículo em surto para confirmar suas suspeitas, mas continua com aquela mania irritante de descartar hipóteses de estranhos.
O técnico de domingo sugeriu sensor de temperatura e/ou vela suja.
C. ouviu com desdém.
Eu tô falando todo santo dia que é o sensor de rotação.
C. me ouve e provavelmente pensa: tolinha.
Ontem, no final do dia, problema aparentemente resolvido: problema no aterramento da bateria (what??) e eu levei a maior bronca dos últimos tempos:
- Eu troquei o óleo do carro.
- Que bom, tava precisando, né?
- Na verdade, eu COLOQUEI óleo no carro, porque NÃO TINHA UMA GOTA DE ÓLEO!
- É?
- E você teve muita sorte do carro não ter funcionado ontem, porque se tivesse funcionado, você sabe o que teria acontecido? VOCÊ SABE O QUE TERIA ACONTECIDO? (ele parecia estar mesmo muito contrariado)
- =:/
- NÃO TINHA NADA! SE EU NÃO TIVESSE VISTO, bla-bla-bla.
- Tá-á. Já entendi.
Foi a maior bronca que eu já levei nos últimos tempos. Acho que a última desse porte foi quando eu tinha uns 9 anos de idade.
E, desta vez, eu não podia falar nada, porque o cara tava certo. Vergonha.
Hoje, acordei feliz e saltitante, disposta a sair mais cedo de casa pra comer pão de queijo no Café, antes ir trabalhar.
Lógico que você está pensando que o maldito não deu partida. E você está absolutamente certo.
Chamei o técnico do Seguro e troquei de sapato, porque subir e descer de caminhão com salto 11 não é uma opção muito inteligente. A., um baiano decidido e casca-grossa, deu o veredicto de primeira: sensor de rotação.
Juro que eu deveria ganhar dinheiro com isso.
Com uma prática invejável em descer de veículos de grande porte, encontrei C. na porta da oficina.
- Não acredito! De novo?
- Eu pergunto: por que de novo?
No final, foi colocado um novo sensor de rotação, C. não cobrou peça nem serviço. Ao sair da oficina, C. se despediu:
- Maria Luiza, né? Qualquer problema, deixa o carro aqui de novo, hein?
Eu mereço.
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