18 janeiro, 2007

Tarde da noite, voltando pra casa após um dia longo. Cigarro aceso. Note que esse péssimo hábito ainda vai me matar.
Chovia forte. Eu entrei no pátio do supermercado, abri o vidro pra pegar o raio do cartãozinho do estacionamento, sem o qual não posso sair antes de mostrar documento do carro, CIC, RG e carteira de vacina atualizada.
O mocinho da cabine, talvez com medo de molhar o bracinho, gesticulou para que eu entrasse. Na tentativa de fechar o vidro rapidamente com a mão direira, não sei o que aconteceu, não sei mesmo, mas a brasa ardente do cigarro caiu inteira no meu decote de tecido sintético. Alto risco de incêndio. No pavor, bati, abafei, gritei, blasfemei e o foco foi controlado. Dentro da loja, numa espécie de operação rescaldo improvisada, fiz compressa com uma latinha de Antarctica, que me pareceu mais gelada que a Sol.
Ardia muito.
Em casa, fiz compressas com meigos chumacinhos de algodão em bebidos em água mineral gelada. Só tinha com gás.
Separei a roupa para a reunião de logo cedo e procurei pensar em assuntos agradáveis para desviar a atenção da dor.
Acordei sonolenta, me vesti e conferi o resultado no espelho.
Conclusão: melhor trocar de blusa. Quem não me conhece pode pensar que tenho um marido violento.

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