15 março, 2004

O urubu que odeia Creed.
Domingo, acordei de madrugada, em estado de agonia pura.
Uma agonia procedente. Motivos concretos.
Fui ver o dia amanhecer na minha varanda. O dia prometia ser de sol.
Um urubu pousou no peitoril. Eta bicho feio..
- Diga, meu rei. A que viestes?
- .............. (ele só olhava pra mim e virava a cabeça, conforme a entonação da minha voz)
- Muita reculhamba por aí?
- .....................
- É ,fio, a vida é assim. Agora, se você me dá licença, eu vou ali na cozinha pegar uma cervejinha e já volto. Pode ficar aí. Só não vale cagar na jardineira, tá?
- .....................
E não é que ele ficou ali me esperando e não cagou? Bonitinho.
- Mas, rapaz, me conta um negócio: esse seu pescoço em S, assim desse jeito, não dói não?
Acredita que ele coçou o pescoço com a perna (??) direita? Note a sintonia.
- Porque o meu tá também meio em S e dói pra caraio. Cê nem queira saber.
- ............................
E ele veio se aproximando. Sujeito abusado.
- Mas esse teu bico é feio, hein, colega? Onde Deus tava com a cabeça?
- ..............................
Então, começou a tocar Creed (Higher) e o urubu bateu asas e vôou, aquele ingtrato.
Resolvi sair pra andar um pouco. Pensar em soluções necessárias. Fui até a pracinha do Eldorado, comi uma tapioquinha com queijo coalho e tucumã e suco de maracujá pra ficar bem calminha.
Nessa brincadeira, acabei caminhando quase 1km, transpirei um bocado e me senti melhor.
Consegui a solução para o meu problema. Uma solução brilhante, por sinal. Simples e brilhante.
Tudo resolvido, voltei pra varanda. Não vivo mais sem ela.
Liguei o som e o urubu voltou.
Continuamos nossa conversa superanimada, até que começou a tocar outra música do Creed.
Claro, ele foi embora.
- Ora, vá-te à porra.

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