É sempre assim.
Ela lê seu horóscopo, antes de sair: aproveite o dia de hoje para verbalizar seus sentimentos mais profundos.
Perfeito. Desta vez, estava segura de que não iria gaguejar. Seria firme. Inteligente. Interessante. Irresistível. Os astros estão a seu favor.
Ela o encontra propositalmente, assim, como se fosse ao acaso, no lugar de sempre. Sempre foi assim.
Ele a cumprimentou com um beijo caloroso.
Ela estremeceu. Ele nunca foi tão digamos, incisivo.
Conversam amenidades enquanto os olhares se devoram: o tempo. A falta de tempo. Um dia a gente precisa sair.
Até que o assunto faltou.
Ela arriscou. Olho no olho. Aproximou-se. Sentiu a própria respiração alterada. O coração acelerou.
Ele permanecia imóvel, à espera da tão esperada iniciativa.
Ela tossiu. Tossiu. Tossiu e tossiu. Faltou o ar.
Ele bateu em suas costas. Levantou seus braços. Chamou por São Bras. E nada.
Ela ficou cianótica. Cianótica e humilhada.
Desta vez, não ficou vermelha. Estava roxa.
Tentava falar. Ele não entendia.
A crise passou.
Ela, que nunca acreditou mesmo em horóscopo, apenas blasfemou: Eu odeio o Quiroga. Maldito!
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