24 dezembro, 2002

Ele só podia estar brincando..
O garçom do Acrópoles é uma das maiores figuras com que já esbarrei neste ano.
Primeiro ato:
Sentamos à mesa.
Pra começar, não sei da onde ele tirou a idéia de que éramos 5. Não, éramos 4.
Mas ele insistiu, e manteve a quinta cadeira e o quinto prato com talheres, assumindo solenemente a cabeceira da mesa.
Ok, temos um comensal fantasma. Não vamos brigar por isso, certo?
Certo.
Segundo ato:
- Então, a gente quer uma cerveja, uma coca-light com gelo e limão e um guaraná com uma rodela de laranja e gelo.
Cinco minutos depois tínhamos: 2 copos tipo tulipa pra cerva, nenhuma cerva, uma latinha de coca, outra de guaraná e nenhum copo com rodela de limão ou de laranja.
- Moço. Os copos. E a cerveja.
Cinco minutos depois..
Tudo certo. Chers!!!! Viva! Uhu!
Então tá. Como é que a gente se serve aqui?
O garçom explicou com palavras ininteligíveis sobre o funcionamento da casa e a gente ficou na mesma.
Ok. Vamos tentar de novo.
- Moço, como é que a gente faz, mesmo?
- Vai lá na cozinha que o cara te explica.
Certo.
Terceiro ato:
Aí, a gente foi lá na cozinha e o cara da cozinha não tinha lá muita paciência pra esclarecer as nossas dúvidas sobre as combinações possíveis entre as opções do cardápio.
Mas, tudo bem. A gente tava passeando.
Fizemos as nossas escolhas, nosso pratos foram servidos e a Rê descobriu que estava sem faca.
- Rouba lá do nosso comensal fantasma.
- Ele também tá sem faca. Só tem garfo e colher, olha lá.
- Quer a minha emprestada?
- Moço, traz uma faca, por favor.
- Uma faca?
Cinco minutos depois, ele passou pela nossa mesa e colocou a faca sobre o balcão.
Será que é pra gente ir buscar lá?
- Moço, a faca.
- Ah! A faca.
Trinta segundos depois, ei-la, a faca.
Quarto ato:
Descobrimos que tínhamos direito à uma porção de batatas.
Agora, fodeu.
- Moço, a gente não tinha direito à uma porção de batatas?
- Cês querem batatas?
- A gente tem direito, não tem?
- Que batatas vcs querem?
- Aquela que tá lá na cozinha.
Pufff.
- A cozida ou a frita.
- Aquela cortada que nem chips.
- Olha, vocês escolhem direito, porque se vier errado não pode devolver, não, hein?
- Er....
- Tem a assada que é assada no forno e tem a frita que é fritada (sic) no óleo.
- Isso, isso, traz aquela que é fritada no óleo. Pronto.
É conversando que a gente se entende, não é mesmo?
Epílogo:
Chegou a hora da sobremesa.
- Moço, a gente quer UM pedaço de torta de ricota e 4 colheres.
Fodeu, de novo.
Dez minutos depois, chegou à mesa, um pedaço de ricota e DOIS garfos.
Fala a verdade, ele devia estar brincando com a gente.
Cinco minutos depois, os outros dois garfos foram providenciados.
Pior foi concluir que apenas um garfo bastaria. Só a Rê gostou da torta de ricota.
- Dois cafés e a conta, por favor.
Refeitas do choque frente ao valor da conta, perguntei ao garçom:
- Aceita cartão de crédito?
- A gente aceita dinheiro e cheque.
Não seria mais fácil falar que a casa não aceita cartão?

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